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  • Foto do escritorWalace Alves

Libertadores - Por que fracassamos tanto?

Começou mais uma edição do torneio de futebol mais importante do continente americano – a Copa Libertadores – e o cenário parece se repetir: nós, brasileiros, não entendemos nada da competição! Que pena!


Nos últimos anos todo início de temporada escuto que: Libertadores é obsessão para time A e também para B e C.

Esta competição tão charmosa e que passou a ser sonho de consumo de 10 em cada 9 times e torcidas brasileiras de alguns anos pra cá, tem seus caminhos, seus percalços e suas particularidades. Mas além das palavras de efeito, o que estamos fazendo para realmente nos colocarmos como postulantes ao título?


Vamos começar do início. Quando pensamos em conquistar um título de um campeonato, normalmente, pensamos em montar um bom elenco e ter uma comissão técnica experiente. E de fato, só olhando este aspecto, as nossas equipes através dos seus dirigentes tem feito isto, mas a pergunta que precisa ser feita é: se isto funciona para o Campeonato Brasileiro e para a Copa do Brasil, porque não funciona em ambiente externo?


Temos o melhor futebol das Américas, isto é fato. Nossos times são os mais ricos e que gastam mais ano a ano com o futebol na América do Sul. Se colocarmos no papel, pelo menos 2 times brasileiros, nos últimos 20 anos tinham elencos de peso e muito superiores a qualquer time do continente, mas porque não ganhamos e o pior, porque somos eliminados por times tão menores do que o nosso?


Algumas coisas nos ajudam a entender o nosso desempenho pífio na Libertadores, entre elas:


1 - Planejamento: Os nossos clubes não entendem que para se ganhar este torneio o planejamento é fundamental e ele começa muito, mas muito antes do apito inicial do arbitro na primeira partida. Um clube que pensa em conquistar a América ano que vem, por exemplo, via de regra, deveria se organizar antes do início do campeonato brasileiro deste ano formando um elenco competitivo, definindo sua comissão técnica e adotando uma estratégia de jogo para seguir e manter até o final do ciclo de disputa. Traçar objetivos intermediários, targets por competição, enfim testar esquemas de jogo e suas variações. Além disto, tem que se pensar em departamento médico, em apoio psicológico para os jogadores e nos deslocamentos durante as disputas dos torneios.


2 – Falta de leitura de jogo: O Brasil é um grande celeiro de jogadores, isto não se discute. Temos grandes jogadores, talentosíssimos, mas que, raramente, conseguem fazer uma leitura de jogo, entender dos esquemas táticos e principalmente, organizar-se mentalmente, separando ambiente externo do interno.


3 – Falta de entendimento das particularidades do torneio: Nossos times não conseguem entender que a Libertadores tem fases bem distintas e que o sucesso na fase de grupos não garante nada nas fases eliminatórias e decisivas. É claro que se um time for o melhor na fase de grupos e ganhar seus confrontos eliminatórios será fantástico, mas uma coisa não depende da outra. Não raras as vezes, tivemos times campeões e que se classificaram na bacia das almas na fase de grupos.


4 – Controle Emocional: É impressionante como os clubes brasileiros (dirigentes, técnicos e jogadores) perdem o controle emocional quando são provocados. E por provocação não falo só de entradas mais duras, mas também de declarações e comentários durante as partidas. Nossos adversários sabem disto e entra ano e sai ano repetem a estratégia e nós, como patinhos, caímos sempre na mesma conversinha.


Dentro de controle emocional, quero destacar um capítulo à parte e que muito me intriga: como os clubes entram no clima da torcida no Brasil. Se um time começa bem, a empolgação toma conta e já acham que vão ser campeões: se o contrário acontece, o desespero entra em cena e começam aventar a necessidade de grandes mudanças de jogadores e principalmente, de técnico.


Este comportamento por parte da imprensa eu até entendo. Vende e dá audiência. A polêmica, estes picos e vales, movimentam os debates, aquecem as redes sociais e mantem os torcedores ligados, mas os clubes não entenderem que isto pode fazer um mal danado a eles, isto é inadmissível. Parece óbvio o que acabei de escrever acima e na verdade é mesmo, mas é incrível o quanto isto pesa na hora da disputa.


Realmente, no Brasil uma derrota já causa um estardalhaço, um questionamento sobre os caminhos seguidos pelo clube e o clima fica pesado. E aí duas coisas se destacam: dirigentes amadores, incompetentes e sem convicção – Vitória, empate e derrota são resultados possíveis em uma partida de futebol e o mais importante são entender os porquês que eles aconteceram. Há vitórias que deveriam acender mais alertas do que algumas derrotas. Exemplo: em uma partida em casa, onde o time pouco ataca, é bastante pressionado e acha um gol no contra-ataque pode ser um sinal muito mais forte de caminho errado do que uma derrota, no campo do adversário, com um erro de arbitragem. O exemplo é simples, mas muito comum. Treinadores estão sempre na defensiva pois sabem que os dirigentes, normalmente, vão entregar a cabeça deles para amenizar uma pressão de torcida, daí as análises são sempre superficiais e muitas vezes tratando repórteres com aspereza.


Jogadores – outro lado desta situação são os jogadores brasileiros. É incrível como, apesar da experiência e da idade de alguns jogadores como este clima de torcedor os influencia. Parece que se o time ganha eles realmente acreditam que vão ser campeões e aí muitas vezes o relaxamento toma conta e se desconcentram em uma partida eliminatória e tchau!


Por outro lado, a derrota tem um efeito nocivo e eles não conseguem se recuperar e continuar rumo ao objetivo. Interessantíssimo este aspecto, pouquíssimas vezes vimos um time do Brasil dando uma volta por cima, avançando nas fases do campeonato, após um começo claudicante. Pra ficar num exemplo caseiro, me lembro aqui do Cruzeiro de 1997.

Principais campeões da Taça Libertadores


Enquanto isto, nossos Hermanos, torcida e times, entendem bem a competição e times bem modestos conseguem causar grandes dificuldades pros gigantes brasileiros. Lá tanto quanto aqui, temos torcedores apaixonados, dirigentes péssimos e, por incrível que pareça, mais corruptos do que os nossos, então onde está a diferença? Nos técnicos, infinitamente superiores aos nossos e na capacidade de ler o jogo e principalmente, de ter controle emocional dos jogadores. Problemas causados por deficiências educacionais de um país que não se ama, na prática e não na teoria, precisamos evoluir muito nosso sistema educacional e isto tem a ver com conhecimento e ciência!


Saudações celestes!

Por: Walace Alves - @Blog_Tendencias





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