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  • Foto do escritorEzequiel Silva

Dona Salomé, a maior cruzeirense do mundo

Quando eu saio de casa para ver o Cruzeiro, não sei se vamos ganhar, se veremos um espetáculo ou uma decepção; mas enquanto Dona Salomé viveu, uma certeza existia: ela estaria lá, não importando aonde, em que condições ou contra quem fosse. Ela era presença certa no Mineirão, no Ginásio do Riacho e nas excursões, sempre vestida de azul e acompanhada da sua fiel companheira, uma raposinha de pelúcia.


Torcedora-símbolo do Cruzeiro, Dona Salomé ia a todos os jogos do Cruzeiro (Foto: Bruno Furtado


Nascida Maria Salomé da Silva, a filha de Bom Despacho foi a grande avó da torcida do Cruzeiro, uma matriarca que recebia com um sorriso largo cada um dos pequenos que vinham ao seu encontro. Uma mãe batalhadora, que criou o filho sozinha em meio à selva de pedra e que foi a nossa maior referência de amor ao clube, dedicando uma vida inteira de carinho pela instituição.


Foram inúmeras as felizes ocasiões em que eu, morador de Contagem assim como ela, encontrei-a no trajeto. Muitas vezes, na volta de algum jogo no Mineirão, esperando o ônibus metropolitano ao lado dela no Centro de BH e já adentrando pela madrugada, ficava eu imaginando de onde aquela senhorinha tirava tanta disposição para passar por tudo aquilo e ainda encontrar alegria.


Essa pergunta eu nunca fiz a ela; as conversas com Dona Salomé eram sempre tão divertidas, que não existia espaço para reflexões sobre sofrimento ou motivação. Ela era a própria motivação, era a alegria em pessoa. Encontrá-la era sempre um evento, não me arrependo de nenhuma das vezes em que saí do meu lugar na arquibancada para cumprimentá-la.


Infelizmente, quando da sua morte - de trágica coincidência com a nossa queda no futebol em 2019 -, não pude estar presente e prestar uma última homenagem. No entanto, na lembrança ficou o sorriso fácil, a alegria dela em ser reconhecida e a humildade em atender a todos com igual atenção mesmo sendo famosa.

Foto: Alexandre Guzanshe/EM/D.A. Press)


Dona Salomé foi a maior cruzeirense de todos os tempos, um modelo de torcedora a ser seguido e um símbolo que merece todas as lembranças e homenagens. Os seus 27 anos cuidando do Cruzeiro - era funcionária do Parque Esportivo do Barro Preto - nos ensinam uma lição de apreço poucas vezes vista no mundo moderno. Esse é o maior legado dela! Um legado eterno, imortal como as nossas páginas heróicas.


Parabéns a todas as mulheres!




Por: Ezequiel Silva - @ezequielssilva89

Edição: Renata Batista - @Re_Battista



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