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  • Foto do escritorVinícius Fortunato

A segunda vez que conquistamos Santiago

Inspirado pela sofrida classificação da última quarta-feira, resolvi reviver outro capítulo de nossas páginas heroicas imortais. O dia que, assim como o jogo diante o Atlético-MG perdemos, mas avançamos. O jogo do qual irei falar hoje é muito especial pra mim, pois é a primeira lembrança que tenho do Cruzeiro, eu lá com meus 6 anos de idade, ainda aprendendo a amar a instituição Cruzeiro Esporte Clube, tenho algumas recordações daquele dia, que só mais tarde me interessando cada vez mais sobre nossa rica história pude compreender melhor o tamanho do feito e quão pesada essa camisa é.


Bom chega de suspense, na minha crônica irei relembrar e comemorar o aniversário de 22 anos da segunda batalha que o Cruzeiro teve em Santiago, o dia que Dida e cia perderam por 3x2 no tempo normal, mas nos pênaltis eliminaram o Colo-Colo e partiram para a final da Libertadores e o resto é história.


Dia 30 deste mês comemoramos 22 anos que conquistamos Santiago pela segunda vez. Que cidade que nos traz alegrias, queira a Deus que dia 23 de novembro possamos comemorar mais uma vitória em Santiago e para inspirar e trazer boas energias para isso acontecer, vamos relembrar aquele jogo que deve ter testado o coração de muitos cruzeirenses.


Assim como nossos jogos atuais, o Cruzeiro de 97 gostava de fazer sua torcida sofrer. Começando por aquela fase de grupos, três derrotas seguidas, para depois engrenar e conseguir a classificação. Nas oitavas, classificação nos pênaltis, com direito a resultado revertido diante do El Nacional. Quartas de final, mais sofrimento, gol histórico no antigo Olímpico, Fabinho sem conseguir andar direito calou um estádio inteiro e mesmo com a derrota por 2x1 eliminamos o forte time do Grêmio.


Com essa breve introdução chegamos a mais uma batalha no Chile, desta vez o Colo-Colo seria nosso adversário. No Mineirão, vitória apertada por 1x0. Marcelo Ramos, sempre ele, marcou o gol que nos dava a vantagem, pequena, mas importante.


Então, no dia 30 de julho de 1997 o Cruzeiro entrou em campo para tentar voltar a uma decisão de Libertadores, fato que não acontecia desde 1977. Quarenta e cinco mil pessoas foram ao estádio apoiar o tradicional time chileno. Era um embate de campeões continentais, o Cruzeiro amargava um jejum de vinte e um anos sem ser campeão da Libertadores, o Colo-Colo havia conquistado há menos tempo, pois havia debutado no topo do continente em 91, com seu primeiro título.


O Cruzeiro entrou em campo naquela noite com Dida, Vitor, Gelson Baresi, Wilson Gottardo, Nonato, Fabinho, Ricardinho, Donizete Oliveira, Cleison, Marcelo Ramos e Elivelton. Os comandados pelo técnico Paulo Autuori encontraram um clima hostil, daqueles bem típicos de Libertadores, torcida em cima, juiz caseiro e o mais importante de se destacar, um excelente time do outro lado da cancha, todos estes fatores eram o que separava o Cruzeiro do tão sonhado bicampeonato.


A pressão inicial do time da casa pareceu ter feito efeito e aos 20 minutos da etapa inicial o bom atacante Ivo Basay abriu o marcador da partida. Em uma falta na intermediária, o camisa 10 Sierra achou Basay dentro da área, o atacante subiu mais que a zaga celeste e testou no canto direito de Dida que nada pôde fazer, Colo-Colo 1x0.


O estádio virou um inferno, torcida que já apoiava começou a cantar ainda mais alto. O gol no início e a pressão da torcida eram fatores que poderiam prejudicar muito o Cruzeiro, mas o time celeste mostrou uma das principais virtudes que tinha na época, a frieza absurda (outro ponto que o time de hoje se assemelha ao de 97) em jogos complicados e nove minutos depois empatou a partida. A jogada começou com Nonato pela ponta esquerda, o lateral celeste correu cerca de 20 metros sem que ninguém o pressionasse, ele chegou livre de marcação na linha de fundo e com toda sua elegância e genialidade, que eram sua marca registrada, fez um belíssimo cruzamento, a bola encontrou Cleisson que subiu tão alto quanto Basay havia feito em seu primeiro gol, o meia então escorou de cabeça para o meio da área e a bola se ofereceu limpa para um inspirado Marcelo Ramos, que com um sem pulo lindo empatou a partida, a Raposa estava de volta ao jogo, 1x1.


O Cruzeiro resistiu à pressão feita pelo time chileno e levou o bravo empate para o vestiário.


O segundo tempo mal tinha começado e um pênalti bem malandro e cavado é assinalado para o time da casa. Logo aos dois minutos da etapa complementar, Manuel Neira que havia acabado de entrar se jogou após o contato de Ricardinho, o juiz não hesitou e assinalou a penalidade máxima. Novamente Basay, o camisa 11 foi para a cobrança e com um chute firme no meio do gol colocou novamente o time da casa à frente do placar.


O Cruzeiro parece ter sentido o gol logo no início do segundo tempo e apenas quatro minutos depois, em uma rápida jogada, Basay o nome do jogo até então, recebeu uma bola esticada, o atacante impôs velocidade e só parou com a ação faltosa do capitão Gottardo. O pênalti ficou barato, já que nem cartão amarelo foi assinalado, talvez para compensar o primeiro pênalti inexistente. Mais uma vez Basay para a cobrança e de novo no meio do gol, o atacante chileno chegava ao seu terceiro gol na partida.


O Cruzeiro vivia seu pior momento na partida e precisava de uma rápida resposta e ela veio do pé predestinado de Marcelo Ramos. Se o time chileno tem um atacante inspirado que fez três gols no confronto, a raposa também contava com um inspirado camisa 23 e quando era o dia dele meu amigo, segura porque tudo tende a dar certo, não tem jeito. Falta na entrada da área, bola rolada para Marcelo Ramos, que escorrega e chuta fraco e rasteiro, a barreira no impulso involuntário pula, a bola passa por baixo e surpreende o goleiro Marcelo Ramirez que acaba espalmando a bola para a entrada da área, Cleisson que apesar de jogar no meio campo não perdeu seu oportunismo da época de centroavante, o camisa nove chegou antes da defesa chilena e fez o gol salvador que mantinha o Cruzeiro mais vivo que nunca na partida.


Como sofrimento pouco é bobagem, faltava encerrar o jogo com a cereja do bolo e ela veio, pois o placar não se alterou mais e ao final dos 90 minutos o time celeste ia para sua segunda disputa de pênaltis na competição.


Na disputa de pênaltis brilhou a estrela de um dos maiores jogadores que vestiram a camisa do Cruzeiro. Nelson de Jesus da Silva, também conhecido como Dida.


- A primeira cobrança ficou por conta do maior vencedor de títulos com a camisa celeste, Ricardinho cobrou bem, deslocou o goleiro para abrir a contagem.


- Logo depois foi a hora do terceiro confronto de Basay e Dida. De um lado um atacante cheio de confiança depois de converter as duas oportunidades de pênalti que teve durante o tempo normal. Do outro lado um goleiro frio, quase um cubo de gelo, incapaz de demonstrar qualquer sentimento. O camisa 11 teve a audácia de bater pela terceira vez no centro do gol, porém ele não conhecia o Dida é a única explicação. De forma magistral a entidade celeste defendeu a forte cobrança e deixou o Cruzeiro em vantagem no marcador.

Dida defende a cobrança de Basay.

- Donizete não brincou em serviço, bateu firme no canto direito do arqueiro chileno. Ramirez chegou a pular no canto certo, mas não alcançou, Cruzeiro 2x0.


- Mais uma vez Dida. Desta vez na cobrança de Marcelo Espina, a lenda acertou o canto e quando ia passando da bola levantou o braço direito e fez mais um brilhante defesa, deixando o Cruzeiro com uma enorme vantagem. O mais absurdo de tudo é que o goleiro celeste se levantou, bateu as luvas como se tivesse batendo palmas e seguiu para o canto, novamente sem demonstrar nada, como era frio em situações assim.


- O Cruzeiro abriu 3x0 no placar, Fabinho teve que fazer dois gols para um valer e ainda levou um cartão amarelo do paraguaio Ubaldo Aquino, como era caseiro, mas não importa a essa altura era só questão de tempo para voltarmos a uma final de Libertadores.


- Sierra bateu e fez para o Colo-Colo e não tem muito o que falar disso, era o gol de consolação.


- Coube então ao predestinado Marcelo Ramos decretar a vitória celeste. O eterno Flecha Azul deslocou o goleiro e ainda acertou o ângulo direito, indefensável, podia ter 3 goleiros que ainda sim seria gol, Cruzeiro 4x1 e classificado para a grande final.

Marcelo Ramos marca o gol na sua cobrança de pênalti e decreta a vitória celeste.

Após o apito final ainda tivemos aquelas famosas cenas lamentáveis, também tradicionais em Libertadores, os jogadores chilenos inconformados com a derrota partiram para briga, mas nem isso conseguiu manchar nossa classificação e voltamos para BH com a certeza que o Bi era questão de tempo.


Na final vencemos o Sporting Cristal, mas isso é história para outro dia. O importante é que durante toda sua história o Cruzeiro mostra o quanto é importante saber sofrer e que mesmo nas derrotas devemos sempre nos lembrar de que “quem o pouco não agradece, o muito não merece”.

Goleiro Dida comemora o título da Libertadores de 1997


Que essa e tantas histórias vitoriosas inspirem nossos jogadores, comissão técnica e torcedores, rumo ao hepta, rumo ao tri e quem sabe até o sonhado Mundial.


Cruzeiro, o sagrado solo de Santiago está te aguardando, vamos reconquistar aquilo que nos é por direito, vamos conquistar Santiago mais uma vez.


VAMOOOOOOOOOOOO CRUZEIROOOOOOOOOOO!



Por: Vinicius Fortunato - @fortunatoxD

Edição: Renata Batista - @Re_Battista

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