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  • Foto do escritorWalace Alves

Torcida e Imprensa: O caminho é a guerra?

Pra começo de conversa e antes de qualquer coisa, ressalto e parabenizo o que a torcida do Cruzeiro tem feito pelo time. A média de público e o apoio durante as partidas, além de constante, tem sido fantástica. Ninguém tem feito algo parecido, por outro time no Brasil! Parabéns China Azul!

Posto isto, relembro que, recentemente, aqui neste mesmo site, tivemos um excelente texto falando sobre a torcida celeste, suas divisões ou torcidas organizadas, que muitas vezes pensam mais na “sua torcida” do que no clube. Pois bem, o objetivo deste artigo não é abordar este aspecto, até porque ele já foi muito bem explorado, (se você não leu, clique aqui) e sim, falar de um outro viés dos “novos” torcedores que muito me incomoda: o fanatismo!


Antes disto e pra contextualizar este artigo, a verdade é que estamos vivendo em um país intolerante, antidemocrático e cego, em todos os aspectos, do cultural ao político! Voltamos a época do malfadado slogan “ame-o ou deixe-o!” E, é claro que, o futebol, não podia estar fora deste cenário. O fanatismo não nos permite admitir nenhum tipo de cobrança em relação aos nossos times do coração! E isto está cada dia mais presente nas redes sociais, graças a um pseudo anonimato, os “corajosos” transformaram as redes em um campo de guerra, onde a troca de palavrões, acusações infundadas, fakenews são as novas armas pro embate!


Dentro deste cenário caótico, quero dar minha opinião sobre o comportamento da imprensa e a reação das torcidas. Inúmeras vezes, já critiquei a falta de preparo e os comentários baseados em paixões clubistas de grande parte da imprensa esportiva nacional. Independente disto tento separar o que é notícia, do que é paixão. Reconheço que muitas vezes, não é fácil, quer seja pela minha paixão, quer seja pela paixão dos jornalistas. Mas vamos lá.

Jornalista da ESPN, Mauro Cezar Pereira - Foto: ESPN/Reprodução

Quando vejo uma matéria falando sobre a situação financeira do meu clube, sinceramente, não me irrito com isto. Primeiramente, procuro entender se a notícia tem fundamento ou não. Na verdade, até acho interessante e saudável para o clube este tipo de notícia, porque esta exposição, de certa forma, inibe ou exige do dirigente um comportamento mais cuidadoso. Voltando ao Cruzeiro, as notícias sobre dívidas em função de algumas contratações além de incômodas e vexatórias, são antes de tudo, verdadeiras (fomos acionados até na FIFA sobre isto). O que devíamos estar fazendo é, primeiramente, entender quais são os caminhos propostos pela atual diretoria para que resolvamos de uma vez por todas tal imbróglio e depois, cobrar explicações e a responsabilização dos dirigentes que levaram o clube a esta situação temerária.


O fato de termos outros clubes em situação semelhante, de forma alguma, deveria servir de desculpas, pra que um jornalista não fale do Cruzeiro. Podemos sim, cobrar que se pesquise outras agremiações, mas isto não muda o fato em si: nossa situação financeira é grave, tanto não muda que a atual diretoria falou muito disto antes de assumir, dizendo até que a situação deveria ser mais grave do que a noticiada.( clique aqui)


Raciocínio igual serve pros questionamentos sobre como um clube nesta situação abre os cofres pra contratações milionárias. Acho pertinente esta pergunta e é obrigação da diretoria explicar suas estratégias, afinal não são donos do clube, o dinheiro não é deles e até onde sei, vários clubes já foram quebrados sem que nenhum dirigente tenha sido responsabilizado, civil e criminalmente, por tal feito. Graças a este questionamento da imprensa e a uma multa da Receita Federal, foi realizado um mudança no acordo entre o Palmeiras e seu parceiro, exigindo mudanças no tipo de contrato entre ambos. (leia aqui) Este fato foi positivo para o Cruzeiro pelo menos em dois aspectos: 1 – ao que tudo indica não se fez nada fora dos padrões legais nestes acordos;

2 – Pode ser um caminho para uma saída da crise financeira do clube.


Em relação às matérias sobre o nível do futebol apresentado pelo time ou por jogador A ou B, entendo que são opiniões e como tal, devem ser respeitadas, concordando ou não com elas. Por exemplo, vibrei, comemorei muito o pentacampeonato da Copa do Brasil 2017, mas não fiquei nem um pouco satisfeito com o futebol apresentado pelo time, meu modo de pensar o futebol é bastante diferente do que o modo como o Cruzeiro se apresentava ano passado. (Só um adendo quanto a isto: parece que o time está diferente este ano e me agrada mais esta proposta de jogo.) Em relação a este aspecto de análises táticas, individuais ou coletivas, do time deixo claro que não estou considerando aqui, opiniões desrespeitosas sobre jogadores. Entendo que todos, sem exceção, podem e devem ser questionados, mas com respeito, diferente do que fizeram recentemente com o Fábio, por exemplo.


O lema destes novos torcedores é o tal do apoio incondicional! Pra mim, tal afirmação é de uma estupidez tamanha e está muito longe de torcer, isto é fanatismo! E eu não compactuo com fanatismo, seja por que razão for! E este comportamento cego é que nos impede de ver uma crítica fundamentada além de dar a oportunidade para o surgimento de outro fato lamentável: ver a quantidade de oportunistas de plantão nas redes sociais, que agora se colocam como porta-vozes do clube ou de defensores de dirigentes! Claro que entendo os interesses desta gente: conseguir seguidores e se tornar uma celebridade digital ou arrumar uma boquinha dentro do clube! Fato é que independente da razão, isto é lamentável!


Finalizando, não acho que o caminho para a relação imprensa e torcida, seja a guerra. Acredito sim, que devemos entender e lutar contra os bairrismos, mas devemos cobrar que o Cruzeiro também faça ações que ajudem a quebrar esta situação, entre elas entender que a rivalidade local não interessa a ninguém fora daqui e não nos traz nenhum benefício e sermos mais leves, menos intolerantes com algumas notícias, façamos sim, o contraponto, mas de uma forma mais interessante, menos colérica!


Saudações celestes!


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